Fisioterapia como reabilitação para o Parkinson

A fisioterapia desempenha um papel significativo como parte integrante do programa de reabilitação para pacientes com Parkinson, uma doença neurodegenerativa crônica que afeta o sistema nervoso. O objetivo da fisioterapia no Parkinson é melhorar a funcionalidade, minimizar os sintomas motores e promover a qualidade de vida.
Fisioterapia como reabilitação para o Parkinson
Por: Fisiocoop

Doença degenerativa e que não tem suas causas conhecidas, o Parkinson acomete cerca de 200 mil pessoas no Brasil, estima a OMS (Organização Mundial de Saúde). Seu tratamento é baseado, na maioria das vezes, no uso de medicamentos, que não curam, mas ajudam no controle dos sintomas. Em Londrina, um projeto de pesquisa da UEL (Universidade Estadual de Londrina), com caráter extensionista, aposta no tratamento de pacientes com a doença por meio de métodos fisioterápicos. 

O Parkinson possui vários sinais e sintomas, principalmente motores, como o tremor de repouso, movimentos lentos, instabilidade na postura, deficit de equilíbrio, rigidez dos músculos e dificuldade para caminhar. "Antes se achava que era uma doença essencialmente motora. Porém, hoje sabemos que o paciente tem muitos outros sintomas, como deficit de cognição, de memória, problemas na capacidade de planejamento do movimento e ações. Eles costumam ter muita depressão e alterações do sono", explica a coordenadora do projeto, Suhaila Smaili Santos, que é doutora em fisiopatologia em clínica médica pela Unesp (Universidade Estadual Paulista). 

Segundo a profissional, a ciência também demonstrou que a reposição do neurotransmissor, perdido em função da morte das células dopaminérgicas do mesencéfalo, não resolve todos os problemas dos pacientes com medicamentos. Com isso, outras vias estão envolvidas na patologia da doença. "As evidências científicas estão mostrando que o um dos principais fatores que protege as células neuronais é o exercício, desde que aplicado de forma correta", destaca. 

Entre as possibilidades terapêuticas desenvolvidas no projeto estão desfechos motores, treinamentos cognitivos, neuromodulação e realidade aumentada, em que a integração com o jogo faz com que o paciente faça os movimentos de forma automática. A iniciativa funciona desde 2010 e acontece duas vezes por semana no salão de uma igreja no jardim Petrópolis, zona sul da cidade. São duas turmas, que juntas reúnem entre 50 e 60 idosos de Londrina e região. Os encaminhamentos são feitos pelo ambulatório de transtornos do movimento da UEL e por neurologistas.

PLASTICIDADE 

No projeto, os pacientes são avaliados para que seja conhecida a real necessidade e, consequentemente, melhor proposta de reabilitação, que apesar de ser em grupo, foca no individual. Cada participante, durante a sessão, recebe o auxílio de um ou até dois fisioterapeutas que integram o grupo organizador. Avaliações ainda são realizadas no HU (Hospital Universitário). "A principal droga que é administrada não resolve todos os problemas. A cirurgia tem uma limitação na indicação, além de ser muito cara. O melhor tratamento é a reabilitação, que possui custo praticamente zero." 

A profissional aponta que os exercícios ajudam na plasticidade, que é capacidade que o cérebro tem de fazer novas conexões, suplantando lesões e habilitando novamente as funções perdidas. Aproximadamente 20 pessoas ajudam nas aulas.

VELHICE 

A doença de Parkinson é uma das neurológicas mais comuns e está estritamente ligada a idade. A OMS calcula que aproximadamente 1% da população mundial com idade superior a 65 anos tenha a doença. Para diagnosticar o problema, é preciso atenção, já que pode iniciar até 15 anos antes dos sintomas se evidenciarem. O pico do Parkison é a partir da sexta década de vida. 

Sua origem está ligada a uma causa genética associada a fator ambiental, que precipita a degeneração das células. "A doença vai evoluindo ao longo do tempo. O paciente que recebe estímulos tem muito mais chances de melhorar pela capacidade que o cérebro tem de se arranjar e prolonga a evolução da doença", ressalta Suhaila Smaili Santos, que é pós-doutora em neurologia e neurociência.